Novos Povoadores®

Apoiamos a instalação de negócios em territórios rurais

"Portugal Inovação Social está a mudar a forma como as instituições se relacionam"

Filipe Almeida nasceu em 1974, em Coimbra (Portugal) e é atualmente Presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social, a entidade que assegura a coordenação e a gestão da iniciativa governamental Portugal Inovação Social criada com o objetivo de promover a inovação e o empreendedorismo social e dinamizar o mercado de investimento social em Portugal. Trata-se de um programa pioneiro na Europa e no mundo que mobiliza, para o cumprimento da sua missão, cerca de 150 milhões de euros de fundos da União Europeia.

Decorridos três anos de concursos para o financiamento de iniciativas de empreendedorismo e inovação social, que resultaram na aprovação e financiamento de mais de três centenas de projetos, esta iniciativa é responsável pela mobilização de centenas de entidades da economia social, empresas privadas e entidades da Administração Pública central e local que atuam em estreita colaboração, experimentam e desenvolvem soluções inovadoras para os problemas sociais do presente e do futuro.

Ruraltalks: A inovação social parece ser um dos eixos principais dessa transformação. Quem são os atores privilegiados para operar esta mudança de paradigma?
Filipe Almeida (FA): Vivemos um tempo de profunda transformação na forma como nos organizamos para responder aos problemas emergentes que enfrentamos. A inovação social sempre existiu, mas nas últimas décadas democratizou-se. A possibilidade de experimentar e desenvolver soluções inovadoras para responder a problemas sociais alargou-se a toda a sociedade civil. Como nunca no passado, temos hoje condições únicas que permitem a um número muito significativo de empreendedores e de organizações sociais prosseguir com eficácia o seu desígnio de melhorar o modo como vivemos. Mas nada se alcançará ou consolidará sem parcerias sólidas entre os setores público, privado e social. É nesse cruzamento que está o futuro. E portanto os atores privilegiados para operar a mudança de paradigma são as organizações e as pessoas que em cada um destes três setores entenderem a fundamental importância desta parceria a favor de uma compreensão mais profunda dos problemas coletivos, da experimentação de novas respostas sociais e de novas políticas.

Ruraltalks: Portugal Inovação Social: O que é?
FA: É uma iniciativa pública do governo português criada no âmbito do acordo de parceria com a Comissão Europeia designado “Portugal 2020”, que mobiliza, numa experiência pioneira na Europa, cerca de 150 milhões de euros do Fundo Social Europeu para promover a inovação social e o empreendedorismo social, dinamizando simultaneamente o investimento social e as parcerias entre investidores (públicos e privados) e organizações empreendedoras que propõem abordagens inovadoras para responder a problemas sociais. Tudo isto feito através de novos instrumentos de financiamento alinhados com as necessidades específicas deste setor emergente.

Ruraltalks: A União Europeia reconheceu em Portugal um ecossistema inovador para a implementação de programas piloto para a Inovação Social.
Em que consistiu esse reconhecimento?

FA: Temos atualmente em Portugal um dos ecossistemas de Inovação Social mais dinâmicos do mundo. Esse potencial foi reconhecido pela Comissão Europeia quando em 2014 aceitou reservar uma fatia dos Fundos Social Europeu para dinamizá-lo. E com este novo instrumento de política pública para o apoio ao empreendedorismo social foram criadas condições para experimentar novas respostas sociais para alguns dos mais exigentes desafios.

Ruraltalks: Este é um programa pioneiro na Europa e no mundo: Portugal é o único Estado-Membro com esta política experimental para promoção da Inovação Social.
Como sintetizaria a missão deste programa público pioneiro em Portugal?

FA: Além de dinamizar novas práticas de investimento, de dar voz à sociedade civil e de fomentar a inovação com valor social, eu diria que iniciativa Portugal Inovação Social visa promover parcerias intersetoriais a favor da experimentação das novas políticas públicas. É este um dos seus mais importantes desígnios.
Caberá ao sector público validar e dar escala a estas novas abordagens.

Ruraltalks: A iniciativa PIS tem em funcionamento 4 linhas de apoio. Qual a que obteve maior nr de candidaturas e porque motivo?
FA: Para cumprir a missão da Portugal Inovação Social, criámos 4 instrumentos de financiamento, com dois pressupostos fundamentais: Cada um deles está orientado para responder às necessidades específicas de uma determinada fase do ciclo de vida de um projeto de inovação social; Todos pressupõem o desenvolvimento de parcerias entre investidores e as organizações empreendedoras.

Os objetivos e modelos de financiamento são muito distintos entre eles e portanto o número de candidaturas e projetos aprovados também é muito variável. No instrumento Capacitação para o Investimento Social, que visa financiar o desenvolvimento de competências de gestão nas equipas envolvidas em projetos de inovação social, aprovámos 201 projetos. No instrumento Parcerias para o Impacto, que financia projetos em parceria com investidores públicos e privados, aprovámos até agora 128 projetos. Nos Títulos de Impacto Social, que visa a contratualização de resultados sociais alinhados com prioridades de política pública e o reembolso dos investidores mediante o atingimento desses resultados, aprovámos 8 projetos. E no Fundo para a Inovação Social, um inovador instrumento financeiro que visa facilitar o acesso a crédito e a atração de investimento em capital, estamos a analisar as primeiras candidaturas, esperando que as primeiras operações sejam realizadas até ao fim deste ano.

Ruraltalks: E quais os parceiros mais relevantes para dinamizar o ecossistema de inovação social?
FA: Os municípios tornaram-se um dos principais parceiros no processo de mapeamento e de financiamento da inovação social. São já 84 envolvidos como investidores no cofinanciamento de projetos inovadores. Têm também um papel decisivo algumas fundações de grande impacto, com destaque para a Fundação Calouste Gulbenkian que é o maior parceiro da Portugal Inovação Social. As empresas e os grupos económicos estão também cada vez mais atentos e interessados.

Com este programa, já fomentamos centenas de parcerias de investimento social e Portugal tornou-se um imenso laboratório experimental de novas respostas sociais. E os números que referi vão aumentar rapidamente.

Ruraltalks: Título de Impacto Social: Um modelo de financiamento que revoluciona forma tradicional de apoio à economia social.
O Estado concedeu benefícios fiscais aos investidores num apoio claro a esta iniciativa.
Quais os resultados alcançados?

FA: Os Títulos de Impacto Social são uma das mais inovadoras formas de experimentar novas respostas em áreas prioritárias de política pública, em parceria com o setor privado e social, com baixo risco para o Estado. São contratualizados resultados sociais mensuráveis que um ou vários investidores privados se comprometem a financiar integralmente. Se essas metas forem alcançadas, os investidores são integralmente reembolsados. Para atrair mais capital para este tipo de projeto, foi criado um novo benefício fiscal que permite majorar em 30% todo o investimento em Títulos de Impacto Social, independentemente do seu reembolso futuro. Temos já 8 Títulos de Impacto Social aprovados em áreas diferenciadas: emprego; proteção social; educação; saúde. E até agora, todos os resultados contratualizados foram alcançados, o que é um excelente indicador do êxito destas novas respostas públicas.

Ruraltalks: Acredita que as empresas portuguesas estão preparadas para se assumirem como investidores sociais?
FA: É evidente a mudança de paradigma na forma como as empresas se relacionam com a sociedade e com o Estado. Mas é um processo mais lento do que pode parecer. Ainda temos em Portugal uma cultura de filantropia dispersa e não estratégica. Apesar disso, vejo todos os dias aumentar o número de empresas – grandes, médias e até pequenas – que procuram orientar os seus recursos e competências para projetos com impacto social, coerentes com a sua estratégia de negócio e alinhados com prioridades de política. Parece-me um processo irreversível e estou confiante que daqui a poucos anos a generalidade da filantropia será estratégica e poderemos todos, como sociedade, beneficiar desse alinhamento empresarial com as prioridades sociais.

Ruraltalks: Como vê o futuro depois desta experiência pioneira em Portugal?
FA: A Portugal Inovação Social é uma oportunidade única que tivemos a sorte, como país, de conseguir aproveitar bem. Agora é necessário consolidar a cultura de inovação nas organizações sociais, as práticas estratégicas de investimento social no setor privado, as políticas de inovação social de base local e, principalmente, fomentar intensamente o desenvolvimento de novas políticas públicas com base em evidências. Tudo isto está ao nosso alcance. Como desde o início, este é um projeto de construção coletiva do futuro. E assim deverá permanecer.

Entrevistado por Frederico Lucas, no âmbito da Feira Espanhola  para o Repovoamento Rural PRESURA

Como o crescimento do trabalho remoto vai mudar as zonas rurais

O crescimento do trabalho remoto vai mudar para sempre o equilíbrio populacional entre as cidades e as zonas rurais. Mais pessoas irão decidir morar no interior priorizando a qualidade de vida em detrimento da proximidade do escritório. As aldeias e vilas vão renascer com uma nova geração que quer viver em comunidade, ter filhos a brincar na terra e viver mais felizes junto da natureza.

Atualmente a maioria das pessoas que se move das zonas rurais para as cidades fazem-no devido à necessidade de encontrar emprego. A maioria dos empregos concentram-se nas grandes cidades, atraindo mais pessoas, mais trânsito, preços mais altos e mais empresas. É uma tendência que as zonas rurais nunca conseguiram combater apesar de todos os esforços do estado baseados em fundos comunitários e em turismo rural.

No entanto o crescimento do trabalho remoto por todo o mundo está a permitir a cada vez mais pessoas escolherem onde querem viver. Nos Estados Unidos, pioneiros neste movimento, 50% de todos os empregados trabalharam remotamente, de alguma forma, no passado ano. E 70% dos trabalhadores com menos de 40 anos diz preferir trabalhar remotamente a auferir um salário mais alto e muitas pessoas recusam terminantemente qualquer trabalho que não possa ser feito dessa forma.

Esta nova realidade traz muitos benefícios para as empresas, desde a redução de custos com escritórios no centro das cidades à atração e seleção do melhor talento disponível a nível nacional ou mundial uma vez que não terão de se cingir aos 30km ao redor do seu escritório.

Além disso, mais empresas serão criadas e geridas remotamente com a sua equipa distribuída pelo mundo, como já acontece em empresas como a Buffer, Github e a minha Remote-how. Estas empresas não têm um escritório, toda a equipa (centenas de pessoas) encontram-se distribuídas por todo o mundo, tendo liberdade total para escolher onde vivem.

Tendo liberdade de escolha, uma pessoa/família irá procurar o local que ache melhor para viver, desenvolver família com qualidade de vida, sem o stress e perigo das cidades, na natureza, junto de comunidades unidas que se irão apoiar e ajudar a desenvolver o local onde vivem.

Caberá então às aldeias, vilas e pequenas cidades organizarem-se e tornarem-se atrativas para estes millennials à procura de um bom sítio para viver. Existem fatores essenciais que terão de ser uma aposta forte tais como o acesso a uma internet rápida, vida cultural e espaços preparados para pessoas trabalharem (centros de negócios/espaços de coworking).

A Irlanda está a desenvolver um projeto muito interessante de “smart villages” onde ajudam vilas e aldeias que cumprem determinados critérios a desenvolver a sua rede de internet, abrir espaços de Coworking e atrair pessoas para se fixarem na comunidade. Como resultado já existem mais de 25000 trabalhadores remotos a tempo inteiro, espalhados por todo o país onde antes quase toda a força de trabalho se concentrava em Dublin.

O projeto é maravilhoso e um excelente exemplo do que vai acontecer no futuro noutros países que apostem no trabalho remoto. Itália está a posicionar-se para ser o próximo país a investir no seu interior para atrair trabalhares remotos. Quando irá Portugal preparar-se para esta realidade?

Os bons exemplos existem, as empresas nacionais estão a começar a contratar remotamente e muitas vão começar este ano a fazê-lo, as localidades que se adaptarem mais depressa e oferecerem melhores condições de vida vão vencer na atração dos primeiros trabalhadores remotos portugueses.

Por Gonçalo Hall

O Papel de Portugal na Europa

Os países do sul da Europa são conhecidos pelas praias, pelo sol e pela desorganização.

São os vizinhos de África: quentes, idealistas e inspirados pela percursão.

Viajar pelo centro da Europa é compreender o espaço de cada um, no território que Jacques Delors idealizou como único.
Bruxelas captou para sí a sede da Comissão Europeia, sofrendo do mesmo estigma que Lisboa tem em Portugal: esquecem frequentemente que não há governantes sem governados.

Por sua vez, os países do norte têm desenvolvido produtos mais complexos ligados à química, às tecnologias, maquinaria pesada e de precisão.

E Portugal? O que queremos ser? Qual o nosso papel no contexto EU?
Os subsidios para a agricultura induziram os portugueses em engano. A agricultura representa hoje menos que em 1985, quando entrámos para a União Europeia.
Existem excepções em alguns produtos, como o vinho e o azeite, mas genericamente a produção agricola perdeu importância e está muito longe de ser um sector promissor em Portugal.

No centro da Europa, falar de Portugal é sinónimo de tranquilidade, tolerância religiosa, temperaturas amenas, bons serviços de saúde e excelente gastronomia.
Em síntese, é o local onde os europeus gostam de estar.

Hoje, um europeu vive 20 anos em reforma. E quer passá-los com tudo aquilo que Portugal pode oferecer.
E nós temos tudo a ganhar com isso.

Quando foi criada a ASAE, Portugal gritou em protesto contra as medidas restritivas à produção e comércio alimentar.
Hoje, Portugal lidera os rankings europeus em controlo de higiene neste sector, garantindo qualidade da nossa restauração e hotelaria.

Vários investidores europeus adquirem em Portugal hoteis e casas senhoriais, para aí instalarem residências assistidas.
A sector imobiliário vive os melhores dias de sempre, com os estrangeiros a adquirirem quintas e aldeias para se instalarem.

E agora? O que podemos fazer para melhorar a nossa competitividade, e abondonar o crescimento ridiculo que se apoderou de Portugal?

Pretende dinamizar um projecto turístico no interior?

A Turismo Fundos lança a 2ª fase de candidaturas ao Programa de Investimento em Territórios de Baixa Densidade, com condições mais vantajosas das operações de investimento imobiliário, tendo em vista a dinamização do investimento, através da valorização económica de ativos imobiliários afetos ou a afetar a atividades do setor do turismo, bem como a promoção do desenvolvimento e sustentabilidade das economias regionais.

As operações de investimento imobiliário concretizam-se mediante:

• A aquisição, por parte de um dos Fundos de Investimento Imobiliário sob gestão da Turismo Fundos, da propriedade, direito de superfície ou outros direitos de conteúdo equivalente, sobre imóveis que preencham os requisitos enunciados no Regulamento, permitindo dotar as entidades proponentes dos meios financeiros necessários à valorização económica desses imóveis;
• A celebração com a entidade proponente de um contrato de arrendamento com opção de compra, simultaneamente com a aquisição do imóvel.
São enquadráveis os investimentos em obras de adaptação, ampliação e/ou requalificação dos imóveis adquiridos.

Para mais informações, contacte-nos através do email info@novospovoadores.pt ou pelo nr telefone +351 271 82 80 82

A ruralidade tem futuro?




O passado já passou. Vivemos um presente cheio de dificuldades.

Para quê?
Qual o futuro que desejamos para o mundo rural?
Estará a ruralidade condenada a ser um Museu daquilo que já foi, em consonância com o pensamento dominante entre a população urbana?

Ou, pelo contrário, será capaz de responder mais depressa e melhor aos novos desafios da sustentabilidade ambiental e económica, tão desejada pela população citadina para as suas cidades?
Se sim, o que precisamos de mudar?

A PERCEPÇÃO

Falar de "ruralidade" nas cidades é quase sempre um apelo à memória.
Vezes sem conta saiem ditados rurais com associações à fome e à sobrevivência que os aldeões já esqueceram.

No campo, ruralidade é sinónimo de despovoamento, provocado pela falta de emprego.
A agricultura de minifúndio não tem sustentabilidade económica e a indústria não chegou à maioria destes territórios.

Cresce pela Europa uma nova indústria baseada em sustentabilidade ambiental e focada nas novas necessidades do mercado: alimentação bio, vestuário e decoração com recurso a desperdício e matérias primas locais.
O burel, a castanha, o mel e o azeite são bons exemplos dessa revolução industrial que vai acontecendo na ruralidade portuguesa.

Hoje, o marketing assume uma importância maior que a produção.

Não interessa produzir com "qualidade", se o resultado final não corresponde com a demanda do mercado.
O IKEA não vende os "melhores" móveis. Mas responde às necessidades de design ao preço que os seus clientes conseguem pagar.

Hoje, o factor diferenciador para o sucesso de um negócio não é o capital, a qualidade dos recursos humanos ou a tecnologia.
Reside no conhecimento do mercado.
Quem conhece o mercado vende mais e melhor. Tira proveito dessa informação para melhorar os processos produtivos e sabe quando, onde e como vai vender os seus produtos.

A ruralidade precisa destas industrias, focadas nas novas necessidades dos seus clientes.
Só assim poderá crescer, e com isso criar mais e melhor emprego.
Com isso combate o despovoamento rural.

Por Frederico Lucas

“Para que as pessoas visitem um lugar precisam de ter o que ver, o que comer e o que comprar, mas agora é também imprescindível ter o que experienciar”

“Para que as pessoas visitem um lugar precisam de ter o que ver, o que comer e o que comprar, mas agora é também imprescindível ter o que experienciar”, é assim que Paulo Silva, um dos donos da TransSerrano, fala da experiência de viver o turismo.
Quem procura a TransSerrano, vai encontrar uma empresa dinâmica, a trabalhar em Góis, mas que dá a conhecer todo o país. É um projeto de turismo aventura, de paixão por uma região e do desejo de mudança de vida de Paulo Silva que, em 1999 quis sair de Lisboa para viver no meio rural. Com a mulher, escolheu Góis e a serra da Lousã, pela natureza, mas também por se manter relativamente próximo dos centros urbanos.
Quando se mudou, não tinha uma ideia completamente definida, mas sabia que queria criar algo ligado à animação turística e ao desporto aventura. Quando definiu o conceito, a autarquia de Góis foi a primeira a apoiar a sua ideia e, pouco tempo depois, uma candidatura a um investimento europeu deu o empurrão necessário para comprar as canoas para a primeira atividade.

Existem 3 áreas de negócio distintas, com um diferencial de inovação em cada uma:
1 – Na animação turística, associou o desporto aventura a atividades culturais e etnográficas. Incorporou os produtos e as tradições da região em programas de experiência e animação. Por exemplo, o “souvenir” dos passeios TransSerrano é sempre um produto regional: castanha pilada, pão, azeite.
2- A agência de viagens organiza sobretudo passeios com seniores.
3- O Parque de Campismo é um espaço de referência, onde a empresa faz questão de manter um atendimento personalizado. São 14 mil pessoas por ano a fazer atividades no concelho.
O trabalho é sempre constante e não há época baixa nem alta, porque no verão o desporto aventura é o mais requisitado, mas os passeios de turismo sénior funcionam o resto do ano.

Gois está na fronteira entre o mundo urbano e o mundo rural, no eixo Lisboa-Porto e, por isso, numa localização excelente e num diálogo constante entre mundos. Há muito potencial em toda a região. A prova é que a empresa é hoje muito maior do que há 20 anos. Paulo Silva, termina a conversa, em jeito de desafio: “um projeto de hotelaria e um parque temático são duas oportunidades imensas em Góis. Há condições para redes de parques que já funcionem e que conheçam bem o seu segmento. Isto é um convite às redes de parques temáticos para virem conhecer Gois. A TransSerrano está completamente disponível para se associar a boas ideias.”

Por Suzanne Rodrigues

Salão Imobiliário e de Turismo de Portugal em Paris

Realizou-se nos passados dias 18, 19 e 20 de Maio a sétima edição do Salão Imobiliário e do Turismo de Portugal em Paris, no Centro de Exposições da Porta de Versailhes.

Este evento anual tem atraído bastantes franceses que procuram oportunidades de investimento imobiliário em Portugal, especialmente numa lógica de rentabilização de capitais.

Quer as imobiliárias quer os escritórios de advogados têm aproveitado este certame para promover os seus serviços.

A componente habitacional foi a melhor representada, mas não a única.
Na área industrial e hoteleira, foram propostas diversas oportunidades de investimento produtivo nomeadamente em soluções para residências assistidas e transformação alimentar.

Os baixos custos imobiliários, a competitividade da mão de obra nacional, a tranquilidade social e a tolerância cultural e religiosa transformam Portugal num dos países mais apeteciveis para a instalação de empresas.

Por diversas vezes, os auditórios foram pequenos para o elevado nr de visitantes que optaram por assistir às diversas apresentações dos patrocinadores deste evento.

A APMRA esteve representada pela sua direcção, onde promoveu o guia de apoio ao investidor francês em Portugal Investir à la Campagne au Portugal, um instrumento que ajuda a identificar oportunidades de investimento no nosso país nos territórios aderentes a esta associação.

Para esclarecimentos adicionais sobre oportunidades de investimento em Portugal, poderá solicitar através do email invest@rural.pt ou pelo telefone +351 271 82 80 82 no horário compreendido entre as 9:00 e as 17:00 (GMT+1).

Movimento pelo Interior

Portugal vive um período particularmente difícil cuja principal atividade é a discussão: indústria da discussão.

A ausência de reformas estruturais promove custos incomportáveis para a economia nacional, visível no nível de endividamento externo, que aumenta incessantemente desde 1995. A gestão do território ocorre em duas dimensões, ambas inadaptadas ao contexto internacional: poder central e local.

Existe uma ausência de poder executivo intermédio.

Importa recordar que António Oliveira Salazar defendia o isolamento económico da nação, impedindo por isso que as empresas portuguesas atingissem dimensões competitivas a nível global. Passados 44 anos do 25 de abril, Portugal mantém a estratégia de autossuficiência visível nas várias capitais concelhias de produtos de consumo, maioritariamente alimentar.

Tal facto transforma Portugal numa maquete em grande escala das secções de supermercado.

Sair deste nó cego obriga-nos a observar os bons exemplos, nomeadamente os internos. Quando falamos do Vinho do Porto não estamos a referir-nos à cidade tripeira mas antes a toda a região duriense que compete taco a taco com as grandes regiões vinícolas da Europa. O mesmo acontece quando falamos de têxteis ou móveis, cujo músculo empresarial extravasa qualquer dimensão concelhia.

Por outro lado, alguém considerou que faria sentido definir o “interior” de Portugal como “cluster” do Turismo. Creio que se trata de uma estratégia com mais de 60 anos, época em que o despovoamento ainda era residual e o património edificado não concorria com a Idade do Alumínio e das Marquises, que degradou o ambiente estético desta enorme parcela do país.

Quando analisamos, por exemplo, a castanha, um produto promissor na alimentação dos europeus, verificamos que a região francesa de Ardèche tem uma estratégia territorial comum para esse produto. Essa região tem 5.000 km2 e 300 mil habitantes, uma dimensão semelhante ao território sob gestão das nossas Comunidades Intermunicipais.

Este é apenas um exemplo para ilustrar a minha visão para os polos de competitividade de Portugal Rural.
Precisamos dessas estratégias intermunicipais se queremos abandonar uma economia de mão-de-obra barata e pouco especializada. Para isso, reforçando aquilo que foi defendido por Pedro Lourtie no Movimento pelo Interior, precisamos de unir eleitos, empresários e investigadores numa estratégia intermunicipal comum.

Adicionaria, no entanto, a esta hélice tripla uma quarta dimensão: Sociedade Civil organizada.
Quem conhece o território rural sabe que as associações locais têm tanta ou mais importância que as empresas no desenvolvimento territorial. Sejam as Misericórdias ou as associações culturais, cuja ACERT é apenas um exemplo.
Bem sei que esta minha visão condiciona as estratégias senhoriais representadas na maioria dos 308 concelhos portugueses. Mas a mantermos esse modelo de gestão territorial manteremos os mesmos resultados que nos colocam na cauda da Europa.

Por Frederico Lucas

Valorizar uma região rica em gentes e paisagem!


As oliveiras alinham-se, centenárias, ao lado de uma vinha jovem plantada há 3 anos sob a orientação do enólogo Diogo Lopes e do proprietário José Saramago, português radicado na África do Sul com uma paixão pelo Alentejo.

Foi no Alvito que encontraram o terreno com os ingredientes necessários à história que sonhavam compor: terra, olival, vinha e património arquitetónico.

A vontade de investir em terras portuguesas, uniu-se ao amor por dois dos ícones da produção nacional: a vinha e a oliveira. A isto se juntou um terreno com um passado rico. Nasceu assim a Herdade de Mujadarém, no Alvito.

O projeto assenta em 3 pilares:

1. A produção agrícola, que se subdivide no vinho e no azeite. A parcela engloba 5 ha de olival e 15 ha de vinha onde será construída uma adega de raiz, um projeto arquitetónico contemporâneo integrado na paisagem. O primeiro azeite foi produzido em 2018. A primeira vindima será no ano seguinte e em 2020/2021 começará a comercialização do vinho;
2. A preservação do património arquitetónico, através da recuperação do antigo Convento de São Francisco e da consequente transformando do espaço em ponto de interesse turístico na região do Alvito. O convento vai ter ainda uma mata autóctone, apelidada de “mata dos reis”, que está a ser recuperada de acordo com apontamentos históricos;
3. À produção agrícola e ao património (convento e adega), irá ser acrescentada a vertente do Enoturismo, com a junção dos produtos da terra à reabilitação do Convento em unidade hoteleira.

O percurso nem sempre é o mais simples, mas a vontade de fazer, a possibilidade de investir e a presença eficiente e próxima da estrutura local, favorecem o desenvolvimento deste projeto.

Com um investimento inicial de 4 milhões de euros – valor que será duplicado com a reestruturação hoteleira – a Herdade de Mujadarém já recuperou um olival centenário, plantou uma vinha e criou mais de 15 postos de trabalho. A construção da Adega e a intervenção no Convento como futura unidade de turismo serão as jóias da coroa deste recanto “à beira Alentejo plantado”. O garante de um investimento que irá certamente valorizar uma região rica em gentes e paisagem.

Por Suzanne Rodrigues

Fogos Florestais: Como podemos ajudar?

As transformações sociais, ambientais e económicas que tem vindo a ocorrer no território rural são de uma enorme gravidade e extensão para a sustentabilidade deste. Porém, como ocorrem lentamente e são pouco mediáticas, não são tidas em conta na agenda política e social do país. É como se tivéssemos tido sempre este insustentável espaço agroflorestal repleto e de uma extrema continuidade de matos e disponível para arder.

Uma forma de, ao alcance de cada um de nós, atenuar efetivamente o impacto dos incêndios e reduzir significativamente os seus custos económicos, sociais e ambientais é potenciar as atividades económicas que gerem os matos e prestam outros serviços ambientais pouco ou nada valorizados pelos mercados.
Quais são afinal essas atividades?

São as atividades da agricultura, floresta e pastorícia não intensiva que utilizam o território como suporte das atividades produzindo com respeito pelo ambiente e sua sustentabilidade. E que por ser desenvolvidas em áreas marginais e de baixa produtividade não consegue competir no mercado pelo preço, pois os custos de produção são mais elevados comparativamente com os mesmos produtos produzidos em áreas intensivas. Porém aquelas atividades prestam serviços muitos relevantes à sociedade que esta não paga, tendo um papel muito importante na prevenção dos fogos, pois criam descontinuidade na paisagem e baixam o risco de incêndio e dão mais condições para a viabilidade da floresta e sustentabilidade no território rural.

Como podemos fazer para ajudar?

É comprando produtos e serviços associados as essas atividades, como consumir carnes de vaca, cabra ou ovelhas, principalmente de raças autóctones portuguesas, criadas em extensivo (ou seja, que pastam em áreas ao ar livre, não estão estabuladas), consumir produtos locais contribuindo para melhorar a rentabilidade das atividades que preservam e asseguram a gestão e a valorização do espaço rural, com sejam a produção de castanha, de pinhão, de azeite, de amêndoa,…; optar por produtos de tenham na sua composição matérias-primas de origem natural, como a resinas dos pinheiros, a cortiça, a fibras de madeira; realizar visitas ou turismo no meio rural, realizando visitas e jornadas de lazer, dormidas, refeições nesses territórios, comprando os produtos e serviços produzidos localmente…

É importante acreditar que todos nós podemos a ajudar a enfrentar este problema para bem da nossa e próximas gerações.

Duarte Gomes Marques, engenheiro florestal
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