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Quem tem telhados verdes... poupa na energia



por ANA BELA FERREIRA
DN - 31-05-2009

A Suécia é um dos países mais ecológicos do mundo. A sua consciência verde começou a ser trabalhada há décadas, e hoje em dia todos separam o lixo e trocam o carro pela bicicleta ou pelos transportes públicos sem reclamar. Aqui existem ainda bairros ecológicos e sustentáveis com jardins nos telhados, que servem para manter as casas quentes.

E se pudesse escolher, desenhar e mudar o bairro onde vive ao seu gosto? Os habitantes da zona problemática de Augustenborg, em Malmö, Suécia, puderam fazê-lo há 11 anos e agora vivem num dos bairros mais ecológicos do mundo. Aqui o que conta são os pormenores baseados nos desejos dos habitantes.

As casas têm jardins nos telhados, 14 centros de reciclagem, uma escola e um lar para idosos que fabricam a energia que gastam e parques infantis desenhados pelas crianças. A vontade dos mais novos foi ouvida até para a criação de um "hotel para coelhos", um local onde estão mais de cem coelhos que pertencem às crianças de Augustenborg que não podem ter animais de estimação em casa.

Os três mil habitantes desta área são até mais saudáveis do que os restantes habitantes de Malmö, segundo a convicção de Louise Lundberg, da Associação Telhados Verdes Escandinavos. É que além dos jardins em frente das casas, este bairro tem jardins no telhado.

Uma inovação que permite manter o interior quente e que ajuda a absorver grande parte da água da chuva - um problema da zona até à reconstrução. Estes telhados são ainda "uma forma de proteger alguns ecossistemas que as cidades destruíram", defende Louise Lundberg, enquanto mostra os telhados verdes que constrói.

O único senão desta aplicação amiga do ambiente é o preço. A instalação custa 500 a 900 euros por metro quadrado. De resto, este será provavelmente o único dinheiro gasto, pois os telhados-jardins não precisam de manutenção. O solo apenas precisa de ser fertilizado de dois em dois anos e as plantas escolhidas não deixam crescer ervas daninhas e mantêm-se pequenas.

Além dos telhados, todos os edifícios têm outras características que os tornam sustentáveis do ponto de vista ambiental. Para lá dos tradicionais painéis solares para aquecimento e painéis fotovoltaicos para gerar electricidade, as casas recebem energia produzida pelo tratamento do lixo gerado no bairro, que também produz biogás, que alimenta as casas e os transportes públicos.

Um dos exemplos do funcionamento do sistema é a escola de Augustenborg, onde estudam 80 crianças. O espaço tem painéis solares, tintas não poluentes, telhados verdes, sistema inteligente de ventilação e iluminação (que se accionam só quando alguém está na sala).

Esta escola sem muros nem vedações, rodeada por jardins cuidados, e onde os alunos têm aulas no exterior, está construída por módulos, podendo assim ser deslocada de forma separada. "Se a escola for grande de mais para o número de alunos e outra escola precisar de mais espaço, pode deslocar-se um módulo daqui", explica a técnica dos telhados verdes.

Mas se este espaço onde as crianças circulam descontraidamente de jardim em jardim resultou de uma reconstrução financiada pela União Europeia e pela empresa de construção, outros na Suécia foram construídos de raiz a pensar no meio ambiente.
Malmö tem um desses bairros, mas o mais famoso é o Hammerby Sjöstad, em Estocolmo. Esta zona da cidade começou a ser planeada em 1990 para ser a aldeia olímpica de 2004, com a ideia de fazer os Jogos Olímpicos mais limpos de sempre, que acabaram por se realizar em Atenas.

"O objectivo desta construção é que 50% da energia consumida pelos habitantes seja produzida por eles", refere Melina Karlsson, do centro de informação do bairro.
Num cubo de vidro com vista para a zona, a técnica faz questão de sublinhar que as rendas não ultrapassam os 600 euros por mês, que as casas pertencem ao município e que usam tecnologia semelhante à do bairro de Augustenborg.

Enquanto isso, o pouco calor que se faz sentir leva dezenas de crianças a aproveitar a água das fontes instaladas nas ruas de Hammerby. Provavelmente ainda não sabem, mas estas crianças estão a contribuir para um planeta mais verde e menos poluente
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